Revolta dos Malês
Há exatamente 182 anos atrás na Bahia entre os dias 25 e 27 de janeiro aconteceu em Salvador a Revolta dos Malês. Malê de origem africana iorubá significa “muçulmano”.
A revolta dos malês foi uma revolta sobre duas práticas do sistema colonial português: A escravidão e a intolerância religiosa.
A crise da economia açucareira e o deslocamento econômico administrativo para a região sudeste, levou a sociedade baiana tornar-se um local de atraso econômico e desigualdade socioeconômica.
As autoridades policiais tinham proibido qualquer tipo de manifestação religiosa em Salvador. Logo em seguida a mesquita da “Vitória”, reduto de negros muçulmanos foi destruída e dois importantes chefes religiosos da região foram presos pelas autoridades.
Os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros), apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e seguidores do islamismo.
A imposição do catolicismo e o preconceito contra os negros foi o fator primordial para o início da revolta. Estavam insatisfeitos com a escravidão africana e queriam a libertação dos escravos.
Outro fator principal era acabar com o catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que chegavam ao Brasil).
Queriam o confisco de bens dos brancos e mulatos e a implantação de uma república islâmica.
Os malês começaram a arquitetar um motim programado para o dia 25 de janeiro de 1835.
Nesta data, uma festa religiosa na cidade de Bonfim esvaziaria as ruas de Salvador dando melhores condições para a deflagração do movimento. Naquela mesma data, conforme a tradição local, os escravos ficariam livres da vigilância de seus senhores.
O plano foi todo escrito em árabe: Os revoltosos sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram armas para os combates.
Porém a delação feita por dois negros libertos acionou um conflito entre as tropas imperiais e os negros malês.
Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Preparados e armados, cercaram os revoltosos na região da água dos meninos. Violentos combates aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos.
Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais e os líderes condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites e degredo (enviados a África).
O governo local para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.
O Levante dos malês foi um marco importante para nossa história, pois foi enfraquecendo o sistema escravista e a noção de que povos africanos e afro brasileiros estavam contentes com sua condição.
A resistência acontecia e fazia parte do cotidiano que era alcançar a liberdade.
Thaís Rosa Pinheiro
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